Heavy Rain – Um filme interativo ou um jogo cinematográfico?

Exclusivo do PS3, “Heavy Rain” é um jogo que reside na linha tênue entre os filmes e os jogos.

Com uma poderosa narrativa suportada por primorosos gráficos, Heavy Rain nos coloca em um Thriller em que temos que resolver quem é o então desconhecido “Assassino do Origami”. Muitos classificam Heavy Rain como um “filme interativo”, ao invés de um game. Pessoalmente considero um game com grande apelo narrativo, mas no fundo nada disso importa frente as diversas emoções e situações que o jogo nos coloca. O diretor do jogo, David Cage, já havia feito um game com elementos similares, Fahrenheit (Indigo Prophecy), porém em Heavy Rain todos esses elementos são super dimensionados com o poder do PS3.

Olhando sobre a ótica do design, Heavy Rain apresenta algo peculiar. A peculiaridade reside no fato de que apesar de ser um jogo, traz muito mais elementos do cinema do que do universo dos games. Esse fato me faz pensar no início do cinema, aonde possuíamos peças de teatro filmadas. Ou então me faz pensar na transição do rádio para a televisão aonde os então artistas/radialistas tiveram que se adaptar para a nova mídia. O ponto que eu quero chegar é que, na minha visão, Heavy Rain é um produto (muito bem feito diga-se de passagem) da transição de mídias que temos visto em nossos tempos, aonde o público do cinema parece diminuir (assim como a receita) e o público dos games cresce. Com essa transição uma certa confusão da identidade e das diferenças das mídias surge, resultando em produtos culturais de uma mídia com fortes elementos de alguma outra.

Por fim, por se tratar de uma obra interativa, nossas ações e atitudes no jogo são traduzidas em diferentes finais. Não vou passar Spoilers aqui, mas esse jogo vale ser jogado tanto pelos estudiosos e curiosos do cinema, quanto pelos dos games.

Trailler do jogo:

 

Confiram a mais nova rede social para os desenvolvedores e amantes de jogos: http://www.kolksgames.com.br/

4 pensamentos sobre “Heavy Rain – Um filme interativo ou um jogo cinematográfico?

  1. Renan Reis disse:

    De fato, assim como o cinema era concebido como teatro filmado, mas evolui seu conceito para o de experiência audiovisual, provavelmente os jogos de van-guarda que hoje são concebidos como filmes interativos, no futuro serão pensados simplesmente como experiências interativas,

    • luduslila disse:

      Olá Renan, historicamente uma mídia nova sempre agregou elementos das suas anteriores, justamente por essa confusão sobre a sua própria identidade. Acho que somos privilegiados por poder acompanhar e quem sabe participar desse movimento.

      • Hugo Heyden disse:

        Luduslila,
        Meu nome é Hugo Heyden e sou estudande do 2 ano de radio tv e internet a fatea (Lorena – sp ) e estou tentando fazer um trabalho sobre a transição da plataforma game para o cinema, mas não estou conseguindo achar muitos artigos sobre esse tema. Teria como voce me ajudar?

  2. luduslila disse:

    Olá Hugo,

    Primeiramente, muito obrigado pelo seu comentário e pelo convite à ajuda. Realmente, os estudos sobre essa temática são escassos ou simplesmente inexistentes. Quando acabar o seu trabalho, por favor compartilhe com agente, pois certamente irá engrandecer muito as nossas percepções e entendimento sobre o tema.

    Com relação a materiais publicados, apesar de não existir nada que eu conheça que toque exatamente no ponto que você quer explorar, acho que alguns livros poderiam lhe ajudar nessa empreitada:

    – “Roteiro para as novas mídias: Do game à tv interativa” de Vicente Gosciola
    – “The Ultimate Guide to Video Game Writing and Design” de Flint Dille e John Zuur.
    – “Trigger Happy” de Steven Poole.
    – “Explorando Mundos especiais: Estruturas narrativas aplicadas à concepção e avaliação de games”, tese de pós-graduação de Leo Falcão pela universidade federal de pernambuco.

    Fora isso, vale a pena você estudar um pouco sobre a história dos jogos, desde os jogos antigos (para entender a raiz do “jogar”) quanto os videogames. Estudar a história das mídias, televisão, rádio e etc. Também vale a pena dar uma olhada nos trabalhos do papa das mídias, “Marshall McLuhan”.

    Espero ter contribuído e por favor, não se esqueça de nos informar sobre os progressos do seu trabalho. Sinta-se livre também em citar o blog, caso tenha interesse 😉

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